Meu nome é ansiedade e eu não sou sua inimiga!

Por um minuto, você pode ter achado que esse título estava errado e talvez até tenha lido duas vezes para ter certeza. Mas sim, pode parecer loucura – eu sei, essa é a novidade que preciso te contar: a ansiedade não é sua inimiga! Mas para que você possa fazer as pazes com ela, você precisa compreendê-la melhor e aprender a lidar com ela.

O medo e a ansiedade compõem uma parte útil de nossas reações emocionais. O medo é uma resposta do nosso próprio corpo, que nos avisa quando estamos em perigo iminente: quando estamos de frente para algo ou alguma coisa que coloca nossa vida e nossa integridade em risco – como um ladrão ou um animal furioso, por exemplo.

 Já a ansiedade, ajuda a nos preparar melhor para eventos futuros que exijam de nós alguma atenção ou dedicação como, por exemplo, preparar-se para uma reunião importante com o chefe ou programar a tão esperada viagem das próximas férias.

Talvez você esteja pensando: “essa não é a ansiedade que eu conheço! Com ela eu não fico nem um pouco produtivo, muito menos focado!”

E sim, você está certo! Nem todas as experiências de ansiedade e medo são boas para nós! O medo é uma resposta automática a qualquer coisa que seja reconhecida como um perigo em potencial. E, muitas vezes, reconhecemos perigo em coisas que não são necessariamente perigosas à nossa vida e integridade – e é aí que mora o problema!

A ansiedade patológica é, muitas vezes, desencadeada por essa interpretação distorcida da realidade, que gera um estado emocional bem mais complexo e prolongado, marcado por uma forte apreensão futura, deixando-nos num constante estado de alerta na direção daquilo que temos medo.

Imagine uma pessoa que tenha muito medo de exposição social. Sempre que ela precisa participar de alguma apresentação de trabalho na faculdade, ela fica muito ansiosa – seu medo central é sentir-se constrangida caso não tenha o desempenho que considera adequado. Ela interpreta que “será terrível e não irá suportar”.

Agora imagine alguém que tenha medo de morrer ou estar vulnerável. Sempre que você tiver algum sintoma físico como falta de ar, sensação de tontura, calafrios, coração acelerado, etc., a pessoa poderá fazer uma interpretação automática: “algo de errado está acontecendo comigo, deve estar enfartando”, por exemplo.

Para muitas pessoas, a ansiedade tornou-se uma grande inimiga travestida de um tsunami de sentimentos exagerados, preocupações antecipatórias excessivas, tensão muscular, desconforto abdominal, falta de ar e forte sensação de perda de controle da própria vida.

A mãe da ansiedade é a intolerância; a incerteza. O famoso “mas e se…”. E, por não ter como prever com 100% de precisão os resultados futuros de sua vida, o ansioso patológico se prepara sempre para a pior possibilidade existente. Isso gera um gasto de energia desnecessário, na MAIOR parte das vezes, que leva nosso corpo e nossa mente à exaustão!

Por trazer muito desconforto e problemas significativos na rotina de vida diária, a maior parte das pessoas que sofre de ansiedade patológica deseja eliminá-la de toda forma e passa a interpretar qualquer mínimo sinal de ansiedade ou preocupação futura como um monstro que precisa ser combatido. E querer “acabar de vez” com a ansiedade só faz com que ela fique cada vez maior e mais desconfortável, pois mantemos nela nosso estado pleno de atenção, potencializando seus sintomas.

A ansiedade não é sua inimiga, apesar de ser um visitante chato. Não precisamos nos proteger dela; o que precisamos mesmo é aprender a conviver e a lidar com ela. Vamos juntos?!

Quer saber mais sobre o assunto? Leia o próximo texto!

Ansiedade: a visitante chata – aprendendo a lidar com ela: clique aqui.

Fonte:

BECK, A. T., CLARK, D.A. Vencendo a ansiedade e a preocupação com a terapia cognitivo comportamental: manual do paciente. Artmed, 2012.

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